por Eduardo Rácz
Há tempo o tema transformação vem sendo trabalhado nas empresas, muitos conceitos expressos em métodos transformaram-se em ferramentas poderosas, destinadas a promover mudanças no desempenho individual e coletivo e melhorar a performance das equipes e do negócio.
Podemos citar várias metodologias, Turnaround, Reengenharia, Engenharia Simultânea, Orçamento Base Zero, Lean Manufacturing, Balanced Scorecard, Manufatura 4.0 e muitas outras. Produções fantásticas de muito conteúdo que realmente estão à disposição para auxiliar nos processos de transformação das empresas.
O fato é que, com o passar do tempo, na grande maioria dos casos, os processos degradam sua efetividade e, por vezes, até sua necessidade de existir.
A manutenção atualizada e convergente dos processos da operação necessita de uma gestão continuamente diligente e alinhada à governança da corporação.
Logo, podemos afirmar que, a gestão em seus diversos níveis, deveria ter dentro de suas atribuições a responsabilidade de transformar a operação e seus processos, à medida que novas exigências aparecem e outras deixam de existir.
Poderíamos dizer que, isto é óbvio e prática obrigatória da boa gestão, mas o que normalmente encontramos é bem diferente. Regras e controles excessivos, rigidamente hierarquizados e um cotidiano praticamente sem espaço para os processos de mudança.
Ao questionarmos gestores sobre o porquê de tantas ideias e mudanças não serem colocadas em prática, as respostas são quase um padrão: “- Não dá tempo”, “não tenho alçada”, “dá muito trabalho”, “alguém não quer”, “já falei sobre isso”, “não tenho cooperação”, “temos que manter o foco”, etc. E assim os processos e a operação se deterioram e as fontes das ideias se desmotivam até que param de se importar.
Nestas situações uma outra transformação acontece, desta vez indesejável, nossos colaboradores transformam-se em “replicantes”. Chamo de replicantes quando o único grau de humanidade que sobra é seguir todas as ordens e regras ao pé da letra, aliás, para isso um robô executa melhor a tarefa.
George Bernard Shaw diz: “- Temos bastante tempo de pensar o futuro quando já não temos futuro em que pensar.”
Nunca conseguiremos escrever tudo sobre uma tarefa e podemos ter certeza que tudo que foi escrito estará desatualizado em algum amanhã, daí fica um grande risco quando inibimos, mesmo que de forma inconsciente, a iniciativa e criatividade de nossos colaboradores.
Um grande desperdício se esconde por trás de um “baixo grau de transformação”: – o mau aproveitamento do talento das equipes. Talvez o maior de todos os desperdícios, pois impacta diretamente na capacidade de manter a empresa atualizada, enxuta e competitiva ao longo do tempo.
Dentre as principais responsabilidades dos administradores está a geração e preservação do valor das empresas. Considerando que o “baixo grau de transformação” compromete a performance e competitividade, então este tema deveria ter agenda permanente com pauta continua na alta administração.
Da mesma forma que a evolução da qualidade migrou dos controles para gestão e hoje tende a ser incorporada dentro da formação cultural da sociedade, os processos de transformação nas empresas precisam ser naturalmente inseridos no cotidiano. A natureza muda o tempo todo sem que precise dar saltos para isso.
Aprender e transformar talvez sejam os maiores bens dentre as capacidades humanas. Esta é nossa natureza, somos aprendizes transformadores, em outras palavras: – aprendemos fazendo. Quando em nossas atividades estão em um ambiente humano e encontramos significado e propósito maior, nos movemos utilizando a plenitude de nossas capacidades. Superação, expansão e evolução são o caminho natural para estas condições, pois oferecem segurança ao desenvolvimento dos processos criativos que são o berço das inovações.
Segundo alguns autores: – “o conhecimento humano dobrava a cada 100 anos em 1.900, 25 anos em 1.945, 13 meses em 2.014 e está prevista para a cada 12 horas em 2.020”. Simultaneamente ao crescimento do conhecimento, cresce a velocidade das mudanças na sociedade como um todo. As novas gerações elevaram a “régua da felicidade” e dirigem seu interesse para atividades que tragam aprendizado e significado. Tudo mudando rápido e profundamente.
Este tem sido um tema de grande preocupação no meio empresarial, pois pensar e planejar um futuro que chega tão rápido aumenta a incerteza e, portanto, o risco das decisões. Tornou-se muito pesado atribuir somente para alguns a tarefa de manter as corporações atualizadas e competitivas. É mandatório que a orientação venha da alta administração, mas também é necessário que permeie todos os escalões e conte com a participação e engajamento de todos.
Eduardo Rácz
Engenheiro Químico pela “Faculdades Osvaldo Cruz”, com MBA em Gestão Empresarial pela FGV e formação para Conselheiro de Administração e Governança Corporativa em Empresas Familiares pelo IBGC.
Consultor empresarial e Conselheiro de administração.
29/11/2018
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