Em tempos de crise, demissões, redução de jornada, revisão de estrutura, como cuidar dos que ficam, como cuidar dos que vão?
2016 está sendo marcado como um dos mais duros anos para as organizações – tem sido muito comum ouvir dos empresários que o faturamento caiu muito e que está impossível manter o quadro de pessoal. 30% tem sido um número mágico que ouvimos de muitos empresários e dos mais diversos segmentos. Um deles acrescentou outro dia: “30% de queda no faturamento nos levou a um corte de 15% do pessoal, o que não foi suficiente para ajustar as contas. Agora estamos pensando como continuar com os ajustes sem causar maiores danos para o futuro da empresa”.
“Não são os produtos, nem os serviços que, por si só, constroem ou destroem uma Marca. São as pessoas que constroem ou destroem uma Marca; por isso a importância de cuidarmos delas com o devido respeito, no início do relacionamento, durante e, também, no encerramento, se necessário for.”
Num período de crise, como o atual, as empresas, além de rever todos os seus processos, sua estrutura, seu “modus operandi”, se faz necessário que repensem a maneira como estão gerindo suas equipes – como lidam com as pessoas – coisa, aliás, que deve estar em pauta durante toda a vida da empresa e não apenas em momentos difíceis, mas, se não fazia parte da pauta da organização quando em tempos bons, que seja incluída agora.
Como a sua empresa está lidando com aqueles colaboradores que não puderam ser mantidos? Tem feito algo por eles?
Demissões sempre vão mexer com a autoestima dos que foram, e abalar o equilíbrio dos que ficam, podendo, portanto, dependendo da maneira como são conduzidas, afetar profundamente aquilo que a sua organização tem de mais importante – a sua “Marca”.
Algumas empresas falam em desligamento dos mais antigos – aposentados – ou dos mais jovens, em primeiro lugar, tendo em vista que uns já têm alguma segurança, o minguado salário de aposentado, e os outros, jovens, ainda têm gás para conquistar novas oportunidades; outras optam por cortar os maiores salários em primeiro lugar, ou os funcionários com baixo desempenho, enfim, cada um encontra um jeito de minimizar a sensação “ruim” de estar ajudando a piorar a situação das pessoas e do país. Há que se pensar em tudo, em todas as alternativas e, também, em quais pessoas o desligamento produzirá menos “dor”, mas, inclusive essas decisões, quando mal conduzidas, podem deixar cicatrizes profundas tanto nos escolhidos, quanto nos sobreviventes, que sempre pensarão: Por que eu? Ou: Na próxima, não serei eu?
Nossa pergunta é: É possível fazer todos os ajustes e, ainda assim, manter altos padrões de comprometimento dos que ficam, conservando no coração dos que foram, o mesmo carinho que já tiveram por sua empresa?
Acreditamos que sim!
Toda empresa tem políticas de gestão de pessoas, mas usualmente, não tem uma boa política de desligamento, tão necessária quanto qualquer outra.
“Política de desligamento é um conjunto de orientações explícitas e regras escritas, preferencialmente comunicadas aos funcionários desde o dia de sua contratação”.
Com o objetivo de:
• Minimizar o “peso da demissão”;
• Reconhecer o valor do período em que o profissional esteve na organização;
• Assegurar que o profissional seja bem assessorado neste período de transição;
• Assegurar que o profissional leve boa impressão da organização e do antigo empregador;
• Promover segurança aos colaboradores que continuam na organização.
Boas empresas, desenvolvem boas políticas de desligamento. Apoiam aqueles a quem não puderam manter, assegurando que se sintam respeitados e menos vulneráveis, criam programas de orientação, contratam serviços de acompanhamento para o momento de transição, procuram minimizar a dor e garantir que se sintam mais seguros.
Boas empresas, num momento como o atual, sabem que precisam fortalecer aqueles que ficam, que, também, estão inseguros e se sentindo vulneráveis. Um bom programa de apoio, orientação e desenvolvimento, para que possam contribuir para a superação neste momento difícil, também é essencial.
Por: Áurea Grigoletti
Psicóloga,
Escritora
sócia da e1.conceito-Fortalecimento Empresarial 2016