“Em qualidade, aquilo cuja ausência é algo de menos nunca deveria ser um algo mais.”
Mario Persona
Há alguns anos, qualidade era o termo que mais ouvíamos falar nas empresas e todas, preocupadas em não ficar no fim da lista, “tentavam” implantar algum sistema, com algum nome pomposo, que sugerisse que estavam preocupadas, de fato, em produzir com a melhor qualidade e, portanto, atender melhor as expectativas do cliente.
A questão era: quando você treinava seu pessoal em ferramentas da qualidade, definia uma política, criava estatísticas, festejava o “dia da qualidade”, fazia todos assinarem um grande quadro com a política, presenteava a todos com uma camiseta com um símbolo escolhido num concurso entre os funcionários, estava realmente obtendo de seu pessoal, resultados de qualidade? Compromisso com a qualidade?
Em pouco tempo todos sabiam trabalhar com CEP, POC/PONC, Garantia da Qualidade, mas, será que estavam produzindo qualidade?
Foram todas essas dúvidas que nos levaram a reavaliar o termo e as técnicas que as empresas utilizavam para afirmar que seu principal objetivo era atender cada vez melhor o seu cliente.
Qualidade, segundo o velho Aurélio, quer dizer:
- Propriedade, atributo ou condição das coisas ou das pessoas que as distingue das outras e lhes determina a natureza.
- Dote, virtude
Gosto do 2!
Dote, virtude – Qualidade é, portanto, inerente ao homem e às suas realizações. É algo que vem de dentro, assim como, motivação, felicidade, qualidade está dentro de nós e para ser realizada, é preciso que a coloquemos para fora.
Fazer qualidade é dar o melhor de si em tudo o que se faz.
Não é complicar. É sim, fazer aquilo que se espera e da melhor maneira possível.
Nascemos com qualidade – a qualidade que Deus nos deu, basta, portanto, colocá-la em prática, mas para isso é preciso que queiramos; e será que quadros nas paredes, políticas, alguns cursos e treinamentos e um ou outro brinde levará alguém a querer dar o melhor de si?
Dá o melhor de si aquele que gosta do que faz, sente-se feliz com suas realizações, é estimulado, reforçado e reconhecido por seu esforço e dedicação.
Dentro das organizações, a falta de reconhecimento pelo excelente desempenho, manterá resultados de qualidade por quanto tempo?
O que, de fato, leva alguém a produzir com qualidade?
Entusiasmo será a palavra-chave?
Já participei de diversas palestras sobre motivação. Uma delas ministrada, segundo meu primeiro supervisor, quando ainda era estagiária, pela Papa da Motivação; mas nada, nenhuma delas me levava a estados interessantes de motivação. Saia empolgada, às vezes, mas em pouco tempo, voltava ao meu estado normal.
Como motivar as pessoas? Perguntavam os executivos das empresas por onde eu passava. E eu buscava respostas e dava aquelas que ouvia, até o dia em que meu instinto deu-me uma boa resposta: ninguém motiva ninguém porque motivação está dentro de cada um, assim como, felicidade, portanto, não há como fazer alguém feliz ou motivado, há sim, como estimular e fazer emergir de dentro das pessoas aquilo que está, talvez, muito bem guardado.
Mas como é possível chegar tão profundo nos outros?
Nada fácil! É preciso conhecer a pessoa, seus principais e mais importantes interesses e desejos, suas expectativas e valores.
Se felicidade e motivação são inerentes ao homem, o mesmo se dá com qualidade, portanto, não se leva ninguém a produzir qualidade de fora para dentro – treinamentos, cursos, políticas só terão efeito naqueles que têm isso como seus principais e mais importantes interesses. Naqueles, cujos valores, interesses, desejos sejam outros, há que se buscar outros meios, para levá-los a produzir qualidade.
Por Áurea Grigoletti