O tempo passa, as gerações mudam de X para Y, de Y para Z, de Z para… AA?? Não importa, o que importa é que o tempo passa, as gerações mudam, o mundo muda, mas uma coisa continua a mesma – Candidatos em processos de seleção para vagas em empresas perguntam: “Esta empresa oferece plano de carreira para seus funcionários?” ou, em meio às reivindicações conduzidas pelos sindicatos, uma das mais constantes e frequentes: “Criação de um plano de carreira para os funcionários” ou, muitos pedidos de demissão porque a empresa não oferece plano de carreira.
E eu do lado de cá me pergunto: Quem em sã consciência pode entregar parte tão importante de sua vida nas mãos de outras pessoas, muitas vezes ou, na maioria das vezes, pessoas de quem nunca ouviram falar?
Pois é, sua carreira, caro colega, é pessoal e intransferível, portanto, não deixe que ninguém cuide dela – ela é sua, e você e só você é capaz de cuidar dela com o carinho e atenção necessários.
Relendo o artigo:- “Por que eu odeio o RH”, que saiu na Edição 88 da Revista Você S.A., lembrei-me que, à época, estava tão envolvida com uma situação, extremamente, estratégica, e, que, dependendo do resultado, levaria nossa empresa à decisão única de um grande ajuste em seu quadro de pessoal que, se avaliada pelos funcionários, como avaliado foi o RH, pelas pessoas entrevistadas pela revista, minha nota seria “zero”. Andava tão preocupada em garantir bom resultado, naquilo que levaria a empresa à manutenção dos postos de trabalho, que nem sequer pensava em como ajudar alguém em sua carreira, como garantir um empréstimo para pagar a dívida mal feita na Casas Bahia, como ajudar um funcionário a se dar bem com o chefe, ou mesmo, como ajudar o chefe a se dar bem com um funcionário. Não andava, nem um pouco envolvida com questões como estas, o que me fez pensar que, provavelmente nossos funcionários dariam nota bem baixa para o RH, que estava, apenas e tão somente, dirigindo seus esforços a ajudar a empresa a sair de uma situação complicada.
Saímos bem da situação, não precisamos cortar ninguém, pudemos conservar a equipe e, muito pelo contrário, tivemos que contratar pessoas, aumentando em quase 10%, o quadro de pessoal da empresa, nos próximos meses.
Na mesma época fui convidada a participar de uma mesa redonda sobre o tema “RH Estratégico” e lendo e relendo o tal artigo, confesso, não sabia o que falar sobre o assunto.
Afinal, o que esperam de nós, profissionais de Recursos Humanos?
Do meu ponto de vista, RH estratégico é aquele que se baseia em ações que levam a empresa a ter melhores resultados. A sobrevida da empresa depende dos resultados que atinge. Não há empresa, se não houver lucro.
Por quanto tempo você deixaria seu dinheiro num investimento onde só houvesse perda? Ou mesmo, num investimento em que não houvesse nenhum rendimento?
Pois é, entendo que, RH estratégico não faz só selecionar, contratar, treinar, pagar, fazer cumprir o que está nos procedimentos; aliás, isso é operação de RH, é rotina, dia-a-dia.
Selecionar é uma atividade de Rotina – transformar a sua empresa numa empresa atraente, onde as pessoas querem trabalhar – isso é estratégico.
Treinar é rotina – desenvolver o potencial das pessoas, levá-las à auto-gestão, à gestão de suas próprias carreiras é estratégico.
Pagar salário dentro de uma política adequada é rotina de RH – reconhecer, valorizar altos desempenhos, garantir que os melhores profissionais não queiram deixar a empresa, é estratégico.
Não sou eu a pessoa mais adequada para cuidar da vida dos outros, aliás, já li isso em muitos pára-choques de caminhões “Deus nos deu a vida para que cada um cuidasse da sua” e, cá para nós, cuidar da própria vida já dá um trabalhão!!!
Não sou eu a pessoa mais adequada para cuidar da carreira dos outros … quem sou eu para decidir coisa tão importante da vida de alguém? Dedicamos quase 50% de nossas vidas ao trabalho… como deixar que outro escolha o que devemos fazer?
Aliás, gente querendo tomar decisões por nós é rotina, pensar e agir por nossa própria conta, isso sim é estratégico.
Eu mesma escolhi o que queria ser e decidi o que fazer para chegar lá – deu trabalho, mas tenho sido bem feliz assim. Também é preciso levar em conta que, desse modo, assumo toda e qualquer responsabilidade pelo que fiz de minha vida profissional. Isso pode ser um bom motivo para que algumas pessoas deixem suas carreiras nas mãos dos outros.